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Quem sou eu?

Na verdade, não sei muito bem quem sou.

Sei que sou o que sinto, do tamanho do que sinto.

Sinto-me viver vidas alheias.

Sinto as dores de quem nem está sentindo, mas eu sinto.

Sou o correr de uma lágrima, antes mesmo de chorar.

Sou um aglomerado de emoções.

Sou lamentos dos meus sofrimentos.

Sou pensamentos e pensamentos.

Sou reflexo das minhas atitudes.

Sou momento.

Sou o esquecer e o lembrar.

Sou a indagação da vida, sou ferida.

Sou o defender, o acusar.

Sou o conhecer do eu diferente.

Sou valente.

Eu sou transformação.

Sou a pessoa mais solitária do mundo,

Mas que nunca fica sozinha.

Sou a pessoa mais forte do mundo.

Mas que está sempre com medo.

Sou o exaltar das minhas realizações.

Sou mãe, sou filha, sou avó.

Sou o encontro de mim, comigo mesmo.

Sou o que sou, me orgulho muito de tudo que sou.

Enide Santos

10/12/2015

Mode que será?

















Mode que será
que nunca me canso do cê?
Será que é amo
 ou apenas vontade de viver?

Quanto mais tamo junto
Mais eu quero ocê.
É, memo teno medo
Acho que é vontade de viver!

Má o sor se levanta
Antes memo de manhacê
Já ta esse diacho desse medo
Quereno me corrompe.

-Mais hora essa, deixe de bestagem!!
É o que sempre me diz ocê
-Não se apoquente, pois desse má
Também sei sofre!

Num sei mode que será
Só sei que esse amo
Nunca há de se cabá.

Enide Santos 11/12/15


03/12/2015

Deitada a beira da pedra gelada

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A beira da pedra gelada, deitada

Vestida apenas de anágua

Olhos acesos, como lamparinas

Velando a dor que a aniquila

 

Encolhendo-se em seu centro

Precisando da saudade

Dor na pele já não há mais

Só a alma que aos poucos se desfaz

 

Deitada a beira da pedra gelada

Do corpo já esquiva o calor

Em repouso o mundo deixou

Distanciando de si definhou.

 

Enide Santos 04/12/15

01/12/2015

Escrever

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Escrever é deixar cair a voz

No abismo absoluto do ser

É desvanecer do instante

Permutar-se em pensamentos

 

Escrever é despertar a alma

Amparando-a para que se mostre

Incitando-a retratar seu lascivo tecido

Assinando assim o construir de todo seu possível

 

Escrever, escolher ditos

Para que unidos sejam sons de gritos.

É o poder de acariciar a existência

E nela imprimir razões e emoções.

Escrever é respirar com as mãos.

 

Enide Santos 01/12/15

24/11/2015

Deambulo

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Derramando-me entre os campos e as florestas

Perfuro com fome o passado

Entre os tempos e as horas certas

 

Vou debulhando-me como flores que viram cisco

Vou reparando em tudo sem saber o que dizer

Vou vertendo-me devagar, sem prever.

 

E em cada suspiro que dou, deambulo.

 

Buscando incessantemente por ti, amor.

 

Enide Santos 20/11/15

Deambular

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Diante Do Direito De Devanear

Decidi Deletar Distâncias

Depois, Demoli Dias Difíceis.

Descortinando Duras Duvidas.

Destemida Deixei-me Divagar

Degustei Delírios Divinos

Deslumbrada, Deambulei

 

Enide Santos 20/11/15

Deambular

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Deixou pegadas sem destino

Emasculado vagueou

Alma e corpo feridos

Marionete do destino se tornou

Banido dos desejos, fora.

Usurpado sem perdão

Lápide sem inscrição é seu coração.

Abdicando de viver

Rompe o tempo sem perceber.

 

Enide Santos 16/11/15

Deambule

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Descortinando de vez a rispidez do medo

Descansa teus olhos em mim

Desvista para sempre deste adeus

Domando qualquer melancolia

Desenhe fronteiras e ilhas, deambule.

Despeje este grito trêmulo em meus ouvidos

Dando luz a sua eterna fantasia.

 

Enide Santos 20/11/15

Haikai -16


















 

Na poça do breu
Nu, sem asas deambula
A caça do amor


Enide Santos 18/11/15

06/09/2015

Epístola 21

Filipenses

São Paulo, 01 de setembro de 2015.

 

Fragmentos de mim.

 

Enide Santos (Poções, 30 de outubro de 1968).

Decidi que não quero ir para sempre, e para isso me propus a criar o caminho que me fará permanecer, pois de alguma forma quero ficar.

Hoje tudo que tenho é tudo que sinto e é este o meu passaporte para alçar meu principal voo. A liberdade de estar depois de ir.

Para chegar onde quero preciso trespassar o tempo, necessito de conhecimento e principalmente da intimidade com o entendimento, porém jamais saberei se cheguei, mas ao menos saberão que tentei.

O que mais me é necessário hoje é que me deem amanhã, hoje convém plantar-me no futuro sem mim o qual jamais saberei se brotei.

Não quero apenas tornar-me leve e simplesmente ser levada pelos ventos, quero jazer-me em negrito ou itálico quero ser grifo.

Habita-me o conteúdo ao qual almejo aprimora-lo e intensifica-lo, para que não se desfaça facilmente.

Pretensão de minha parte? Sim, sei que sim, mas se eu não fizer por mim como poderei dizer para que façam por si se é para isso que estamos aqui!

Nascer não é apenas para viver por viver, nascer é o principio de se fazer.

Neste contexto, dedico minha vida a construção de minha morte, a sua eterna gestação de mim.

Enide Santos 01/09/2015.

26/08/2015


















A palavra que contém em si
Tudo que sou
Tudo que almejo
Tudo que amo e odeio

Verbo que de seu ventre
Verte infindas lágrimas
E com seus risos
Afugenta minhas farpas

Termo clandestino
Sabotador de instintos
Mutila sinas
Não economiza rixas

Só estando só
Que toda a realidade olha pra mim
Descobrindo-me da ilusão
De que já ao nascer sou solidão.


Enide Santos 2608/15