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Quem sou eu?

Na verdade, não sei muito bem quem sou.

Sei que sou o que sinto, do tamanho do que sinto.

Sinto-me viver vidas alheias.

Sinto as dores de quem nem está sentindo, mas eu sinto.

Sou o correr de uma lágrima, antes mesmo de chorar.

Sou um aglomerado de emoções.

Sou lamentos dos meus sofrimentos.

Sou pensamentos e pensamentos.

Sou reflexo das minhas atitudes.

Sou momento.

Sou o esquecer e o lembrar.

Sou a indagação da vida, sou ferida.

Sou o defender, o acusar.

Sou o conhecer do eu diferente.

Sou valente.

Eu sou transformação.

Sou a pessoa mais solitária do mundo,

Mas que nunca fica sozinha.

Sou a pessoa mais forte do mundo.

Mas que está sempre com medo.

Sou o exaltar das minhas realizações.

Sou mãe, sou filha, sou avó.

Sou o encontro de mim, comigo mesmo.

Sou o que sou, me orgulho muito de tudo que sou.

Enide Santos

24/11/2015

Deambule

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Descortinando de vez a rispidez do medo

Descansa teus olhos em mim

Desvista para sempre deste adeus

Domando qualquer melancolia

Desenhe fronteiras e ilhas, deambule.

Despeje este grito trêmulo em meus ouvidos

Dando luz a sua eterna fantasia.

 

Enide Santos 20/11/15

Haikai -16


















 

Na poça do breu
Nu, sem asas deambula
A caça do amor


Enide Santos 18/11/15

06/09/2015

Epístola 21

Filipenses

São Paulo, 01 de setembro de 2015.

 

Fragmentos de mim.

 

Enide Santos (Poções, 30 de outubro de 1968).

Decidi que não quero ir para sempre, e para isso me propus a criar o caminho que me fará permanecer, pois de alguma forma quero ficar.

Hoje tudo que tenho é tudo que sinto e é este o meu passaporte para alçar meu principal voo. A liberdade de estar depois de ir.

Para chegar onde quero preciso trespassar o tempo, necessito de conhecimento e principalmente da intimidade com o entendimento, porém jamais saberei se cheguei, mas ao menos saberão que tentei.

O que mais me é necessário hoje é que me deem amanhã, hoje convém plantar-me no futuro sem mim o qual jamais saberei se brotei.

Não quero apenas tornar-me leve e simplesmente ser levada pelos ventos, quero jazer-me em negrito ou itálico quero ser grifo.

Habita-me o conteúdo ao qual almejo aprimora-lo e intensifica-lo, para que não se desfaça facilmente.

Pretensão de minha parte? Sim, sei que sim, mas se eu não fizer por mim como poderei dizer para que façam por si se é para isso que estamos aqui!

Nascer não é apenas para viver por viver, nascer é o principio de se fazer.

Neste contexto, dedico minha vida a construção de minha morte, a sua eterna gestação de mim.

Enide Santos 01/09/2015.

26/08/2015


















A palavra que contém em si
Tudo que sou
Tudo que almejo
Tudo que amo e odeio

Verbo que de seu ventre
Verte infindas lágrimas
E com seus risos
Afugenta minhas farpas

Termo clandestino
Sabotador de instintos
Mutila sinas
Não economiza rixas

Só estando só
Que toda a realidade olha pra mim
Descobrindo-me da ilusão
De que já ao nascer sou solidão.


Enide Santos 2608/15

01/08/2015

Dor fresca na memória















Talvez eu não deva morrer
Como se morre qualquer ser
Talvez depois de te perder
Eu deva um pouco por vez fenecer

Talvez eu deva mesmo buscar
O maior tempo possível durar
Para que mesmo sofrendo
Tenha mais tempo para te amar

Talvez, apenas talvez.
Tudo isso seja bom
Apenas por agora
Que a dor é fresca em minha memória.

Enide Santos 02/08/15





31/07/2015

Na ponta da língua















Estava na ponta da língua
A palavra que iria te intitular
Mas um pensamento indecente
Apossou-se de mim ferozmente
E a este nome fez mudar.

Estava na ponta da língua
Toda minha fome de beber
Toda minha sede de comer
Mas um pequeno gesto teu
Tudo mudou e todo meu corpo acendeu

Estava na ponta da língua
O resgate para o desperdício de sabor
Mas já com o corpo fervendo
As palavras foram se perdendo
Apenas entre os dentes a língua ficou.


Enide santos 31/07/15

20/07/2015

Ah, meu amor!



















Ah, meu amor o dia amanheceu.
Não senti o teu calor.
Talvez você de mim se perdeu
E não mais tem gula
Deste meu amor.

Ah, amor meu!
Não posso saber
Que se veja em outros olhos
Que não os meus.
Que queira outra boca
Que não a minha.
Que aqueça outro corpo
Que a chame de Rainha.

Alegaste que eras meu súdito
Que apenas a mim pertencias
Ah, meu amor!
Não me puna
Não me troques por esta vadia.

Estejas sempre comigo
Serás sempre bem amado
Te prometo meu querido
Terás um lar digno
E aconchegado.

Ah, meu amor,
Que pecado terei cometido?
Talvez tenha exagerado
Em te amar mais que o merecido.

Enide Santos 21/07/15



11/07/2015

Sê meu rei
















Sê meu rei.
Seja a fonte que nutre meus instintos
Sê meu dono, meu arrimo.

Sê meu amante, meu menino
Seja a força de meu intimo
Sê sereno e continuo.

Sê a fome da minha sede
Seja prazer e jeito de doer
Sê fisionomia do poder

Sê meu discípulo
Seja meu galante curumim
Sê meu macho, meu serafim

Sê meu rei, meu tutor
Seja a jaula de meu pudor
Sê meu homem, meu amor.

Enide Santos 11/07/15


01/07/2015

Sabe por quê?




















Porque a suas mãos
e as formas que elas
usam para correr
o meu corpo
 inundam-me.

Porque sua boca
com seus fortes contornos
vão de encontro com minha pele
e inundam-me.

Porque os pelos de sua face
corrompem minha alma
degolam minha memória
dão cabo do meu ar
Inundam-me.

Porque ao te deglutir
emudeço minha razão
paraliso a imaginação
e inundo-te.


Enide Santos 01/07/15

Hoje pedi perdão a Deus





















Hoje pedi perdão a Deus
Pedi que me perdoasse
Por meu coração quase explodir
Sempre quando penso em ti.

Orei ao meu Senhor
Para que sempre de ti cuide
E não te afaste
Deste meu amor.

Pedi que me guie, me instrua
Ajude-me a enveredar
E em teus caminhos
Belezas hei de plantar

Deixei a minha verdade falar
Deixei-a pedir e implorar
Que em nome do Senhor
Não me permita sem ti ficar.

Ah, a humana que sou!
Infinitamente mesquinha
Imensamente sozinha
Dependendo deste teu amor

Hoje pude com clareza me ouvir
E com este som roguei
Lancei-me ao vão
E ao Senhor pedi perdão.



Enide Santos 01/07/15