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Quem sou eu?

Na verdade, não sei muito bem quem sou.

Sei que sou o que sinto, do tamanho do que sinto.

Sinto-me viver vidas alheias.

Sinto as dores de quem nem está sentindo, mas eu sinto.

Sou o correr de uma lágrima, antes mesmo de chorar.

Sou um aglomerado de emoções.

Sou lamentos dos meus sofrimentos.

Sou pensamentos e pensamentos.

Sou reflexo das minhas atitudes.

Sou momento.

Sou o esquecer e o lembrar.

Sou a indagação da vida, sou ferida.

Sou o defender, o acusar.

Sou o conhecer do eu diferente.

Sou valente.

Eu sou transformação.

Sou a pessoa mais solitária do mundo,

Mas que nunca fica sozinha.

Sou a pessoa mais forte do mundo.

Mas que está sempre com medo.

Sou o exaltar das minhas realizações.

Sou mãe, sou filha, sou avó.

Sou o encontro de mim, comigo mesmo.

Sou o que sou, me orgulho muito de tudo que sou.

Enide Santos

02/09/2014

Nos jardins da saudade

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Nos jardins da saudade

Colho pequenas flores de morte

Pequenos ramos de sorte

Por meio das folhas sagradas do amor

Entendo que sou eu, o lavrador.

 

Aqui, os ventos são plantados no chão,

Coloridos e assobiam uma canção.

São as flores do sol que exalam

O mais tênue perfume

 

E os brotos de noite

Lagrimam ritmos da primavera.

A classe dos sonhos

Embalam toda a atmosfera

 

Nos jardins da saudade

As ruas são feitas de pó

Tem veredas de dar dó

E a flor do mundo

Move-se em segredo

Recriando segundos

Com seus pequeninos dedos.

 

Aqui nos jardins da saudade

Há flores de todas as estações

Feitas de sombras e de ilusões

Bebem-se pequenos goles de felicidade

E fica-se longe da flor da realidade.

 

Enide Santos 02/09/14

28/08/2014

Lado a lado

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Nada que faço

Afasta de você

Este comiseração de outra querer.

 

Dou-te todo meu amor,

Ah, mas infelizmente.

Ela eu não sou!

 

Nada que faço

Consegue substituir

O sentimento que te faz existir.

 

Chega a ser pecado

Nos dois sofrendo

Lado a lado.

 

Enide Santos

16/08/2014

No vinculo da vida com a morte

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No vinculo da vida com a morte estou

Plena de ser e de poder

Dou-me o luxo de deixar acontecer.

 

Eu sou o medo da morte

Sou o sonho da vida

Sou o gosto da água

O sabor da salina

 

Eu sou o som que faz o rio

Entregando-se ao mar

Sou o coito das ondas

Que vive a terra molestar

 

Sou o cálido calor

Que se derrama do sol no ar

Sou a escura silhueta

Que define o luar

 

Sou a viagem dos sonhos

No momento de acordar

Eu sou a vida da morte.

Seu direito de ceifar.

 

Enide Santos 17/08/14

Desenhar pedacinhos de amanhã.

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Vamos libertar as palavras ancoradas no medo.

Criar partituras sem código, sem segredo.

E sobre seu corpo faremos poesia.

Sobre sua pele desenharemos alegria.

 

Vamos pintar no amanhã,

Confortos para cada hora.

Vestir-nos da força,

Que faz nascer à aurora.

 

Não é preciso ferir o hoje,

Com o punhal da vingança.

Agoniza-se já o agora,

E para o amanhã a esperança se aflora.

 

Vamos fazer flores de arvores perdidas.

Vamos gritar por cima da vida.

Vamos desnudar o nosso interior.

Vamos seguir o que nós ensinou,

O nosso Senhor

 

Vamos...?

Nós temos a tinta,

Nos, somos a tinta.

 

O nosso irmão,

É o nosso talismã.

É o papel do nosso amanhã.

 

Enide Santos 31/07/14

08/08/2014

Nada me aptece mais que morrer

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Nada me apetece mais que morrer.

Morrer...

Morrer de você.

Não vejo a vida

Não vejo flores

Não sei da luz

Não entendo o mar

Não uso o ar

Não vejo nada

 

Apenas sinto e sinto...

Sinto cor

Cor de pele

Cor de olhar

Cor de cabelo

Rubores de amar.


Nada me apetece mais que morrer.

 Morrer de você.

Ah, expirar instante por instante!

Ah, perder-me tantas e tantas vezes,

Sem querer me encontrar!

Ah! Deixe-me morrer,

Fenecer de tanto te amar.

 

Enide Santos 07/08/14

04/08/2014

Mãos que choram

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São as mãos quem guardam

o semblante da dor.

Envolvendo a face

Subordinando-se

ao mais profundo clamor.

 

São as mãos quem amparam

gota a gota a dor.

Afastando as lágrimas que nascem

como quem destrói o pavor.

 

São a mãos que anseiam

Atracar-se com a dor.

E unidas conclamam

misericórdia ao Senhor.

 

Enide Santos 05/08/14

03/08/2014

Preenchida

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Quero encher minhas mãos de você,

E ao mesmo tempo...

Quero minha boca cheia de você.

Simultaneamente...

Quero meu sexo cheio de você.

Também quero...

Minha vida cheinha de você.

 

Enide Santos 03/08/14

31/07/2014

O mundo é um canto sem lugar

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O mundo é um canto sem lugar,

Instala em si, alegrias, e tristezas tenta mudar.

Perde-se entre amores, e sonhos tema em si dar.

Enrola-se todo, tentado se encontrar.

Mundo, mundo...

Canto sem lugar.

 

Camufla-se em sombras,

E o coito das horas tenta mudar.

E planta-se em uma árvore,

E no voo dos pássaros, tenta se fundar.

Mundo, mundo...

Quina sem lugar.

 

No voo dos pássaros,

No banho que se dá o mar.

Abre e fecha portas, dorme e acorda,

Mas não encontra seu lugar.

Ah! Mundo, mundo...

Orbe sem lugar.

 

Caminho sem estrada.

Estrada sem luar,

E no som do vento,

Tenta se acoitar.

Mundo, mundo...

Lugar sem mundo

Mundo sem lugar.

 

Enide Santos 31/07/14

29/07/2014

Passageiro do nada

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Picotou-me o coração a vida.

E para sempre me quer assim.

Faz-me sentir não credora de mim.

Culpa-me por respirar,

E por não valorizar este ato de amar.

 

Rapinou-me a mente a morte,

Sem traumas me parou.

Debruçou-se sobre mim

E as chamas da vida,

Uma a uma de mim arrebatou.

 

Desfez-se de mim o tempo,

Que nem para a morte

Nem para a vida me entregou.

E sobre meu corpo, vivo morto.

O tempo se largou.

 

Enide Santos 30/10/14

27/07/2014

Túmulo do dia

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Cada noite é cada noite,

Uma a outra não tem.

Entrega-se ao dia

Enaltecendo-o, já que vem.

 

Agora, quase morta,

Ela ainda vem tatear.

Uma nesga de vida

Do dia tenta libar.

 

Quase, quase sem vida,

Ainda tenta imigrar.

Suspiros para o amanhecer,

Ainda lhe resta conceber.

 

Da sombra és a dona.

Do pecado és a redoma.

Da luz és a conclusão

Do dia és a anunciação.

 

Enide Santos 27/07/14