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Quem sou eu?

Na verdade, não sei muito bem quem sou.

Sei que sou o que sinto, do tamanho do que sinto.

Sinto-me viver vidas alheias.

Sinto as dores de quem nem está sentindo, mas eu sinto.

Sou o correr de uma lágrima, antes mesmo de chorar.

Sou um aglomerado de emoções.

Sou lamentos dos meus sofrimentos.

Sou pensamentos e pensamentos.

Sou reflexo das minhas atitudes.

Sou momento.

Sou o esquecer e o lembrar.

Sou a indagação da vida, sou ferida.

Sou o defender, o acusar.

Sou o conhecer do eu diferente.

Sou valente.

Eu sou transformação.

Sou a pessoa mais solitária do mundo,

Mas que nunca fica sozinha.

Sou a pessoa mais forte do mundo.

Mas que está sempre com medo.

Sou o exaltar das minhas realizações.

Sou mãe, sou filha, sou avó.

Sou o encontro de mim, comigo mesmo.

Sou o que sou, me orgulho muito de tudo que sou.

Enide Santos

05/05/2014

Relatos do fundo do poço

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O fundo do buraco,

não é o fim de tudo.

Visto por outro ângulo,

percebido de outra forma.


 

Há paredes escorregadias,

Transmitem toda tristeza,

da perda dos dias.


É tão profundo o fundo.

 

Há olhares apagados.

Vidas sem (re) ação.


Braços que se movem sem motivos.

E do fundo, de onde se pode ouvir,

Os risos de quem longe está dali.


 

Difícil subir...

Áspera e dura escalada

Limos de indecência.

Lodos de demência.


 

Escombros caem sobre meus ombros

Cicatrizes nas paredes lamacentas.

Ai então, se percebe,

quanto “se” tem aqui.


 

A lonjura do fim é ficar no fim

ou batalhar para ir até o fim

de chegar ao começo.


 

Enide Santos 05/05/14

03/05/2014

A mente mente

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Acabo de pegar uma porção de tempo.

Não muito longe, também não muito perto.

Não muito quente, nem muito frio.

Só uma porção do agora,

Neste instante nesta hora.

 

Fui lá fora...

E tudo estava parado.

Só o tempo quem levava o vento.

E a noite dormia, sob o sereno, gemia.

Mas tudo estava parado.

Sei, que só porque eu observava.

 

Braços estendidos no tempo, para o tempo.

Então eu o toquei...

Acariciei, moldei-o em meu pensamento.

Então me ri de mim.

Vendo-me com tanto poder,

De até o tempo poder deter.

 

Enide Santos 03/05/14

01/05/2014

Divino delírio

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E as tuas mãos,

Traga-as aqui?

Deixe por um instante

Meu corpo te iludir.

 

E teus lábios,

Umedeça-os em mim?

Deixe que meus delírios

Abuse de ti.

 

E os teus gemidos,

Deixe-me ouvir?

Encoste-se mais um pouco

Dentro de mim.

 

Enide Santos 01/05/14

23/04/2014

Triste sina

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Triste sina está minha,

de viver sem ter amor.

Esperança ingênua tinha,

de encontrar o meu tutor.

 

Retraído e em segredo,

o destino me confessou.

Fez da vida um brinquedo,

e a minha sorte, extraviou.

 

Crueldade para comigo,

que tanto busco por ardor.

Até parece que é castigo,

perdurar sem meu amor.

 

Minh’alma triste e sofrida,

do sonho se desencantou.

Agora vaguei pela vida,

Remoendo o que restou.

 

Enide Santos 23/04/14

O outro lado - 02

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Solidão

 

Sou mais uma a ser condenada

Sem se quer ser julgada.

Nunca fui amada

Às vezes desejada.

Mas apenas como meretriz.

Minha presença assola

Inibe a qualquer outro sentir.

Alimento-me do seu pensar.

Aspiro seu ar se você deixar

Limitando assim o seu respirar

Reprimo seus desejos

Devoro os seus sonhos

Rio da sua existência

Se deixar, até por ti irei pensar.

Tudo isso só acontecerá

Se você deixar

Assim sendo, quem poderá me condenar?

 

Enide Santos

18/04/2014

O OUTRO LADO - 01

 

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Sombra

 

Sou a ausência da luz

Mas nem por isso sou ruim

Não me revista de capuz

Descubra beleza em mim

Pinto outro espaço

Com minha silhueta

Não sigo compasso

Mas sigo ampulheta

Beleza pra mim

Não tem valor

Por que o que importa

É o contorno que dou.

Sou fria, calada e vazia.

Como uma fotografia.

 

Enide Santos

16/04/2014

Quem?

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Dança com as noites,

sem sair do lugar.

E a chuva já passada,

ainda a faz respingar?

 

Molha as flores,

que ainda vão brotar.

E lança-lhes perfumes,

que exalam pelo ar?

 

Quem...

Abstrai da luz,

gotas de escuridão.

Só para valorizar,

a força do clarão?

 

Seduz no grito,

sem nem um som ecoar

E com um único suspiro

retém a água do mar?

 

Quem...

Arranca da flor a

a alma em dor,

E embala nos braços

a pureza do amor?

 

Doravante poeta

dá-nos letras à recitar.

E formosos poemas,

para a voz embargar.

 

Enide Santos 16/04/14

15/04/2014

O que faço com o resto de mim?

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Depois de tê-lo em meus braços

E ter que deixa-lo partir.

Não sei mais o que faço,

Com o resto de mim.

 

E os meus olhos...

Que só enxergam alegria,

Estando diante de ti.

Não sei o que faço

Com o resto de mim.

 

Meus pensamentos...

Todos meus sentimentos,

Meu corpo e minha alma,

Tudo buscando a ti .

Ah, amor meu!

Não sei mais o que faço

Com que sobrou de mim.

 

Enide Santos 15/04/14

12/04/2014

Meu amor vê a lua

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Ah!  Lua que inveja tenho de ti

Não sabe o que eu faria

para que este olhar fosse para mim!!

 

Ah! Lua que cobiça tenho do seu luarejar,

queria eu poder o meu amor tocar.

 

Ah! Luar deixe-me só um bocadinho ser você

e poder só um pouquinho

com meu amor adormecer.

 

Enide Santos 12/04/14

04/04/2014

Céu esburacado

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O céu está todo furado,

Negro, negro cheio de buracos.

Vejo que as nuvens estão fugindo

Vão se (des) montando sem nenhum afinco

Acho que é o vento que as estão perseguindo

 

Neste sentido vão se indo,

Até os segundos de quem esta dormindo

É o tempo praticando sua dançando.

E a noite fogosa evadindo.

 

Baile no negro céu esburacado.

Festa para o dia que está vindo.

 

Enide Santos 04/04/14