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Quem sou eu?

Na verdade, não sei muito bem quem sou.

Sei que sou o que sinto, do tamanho do que sinto.

Sinto-me viver vidas alheias.

Sinto as dores de quem nem está sentindo, mas eu sinto.

Sou o correr de uma lágrima, antes mesmo de chorar.

Sou um aglomerado de emoções.

Sou lamentos dos meus sofrimentos.

Sou pensamentos e pensamentos.

Sou reflexo das minhas atitudes.

Sou momento.

Sou o esquecer e o lembrar.

Sou a indagação da vida, sou ferida.

Sou o defender, o acusar.

Sou o conhecer do eu diferente.

Sou valente.

Eu sou transformação.

Sou a pessoa mais solitária do mundo,

Mas que nunca fica sozinha.

Sou a pessoa mais forte do mundo.

Mas que está sempre com medo.

Sou o exaltar das minhas realizações.

Sou mãe, sou filha, sou avó.

Sou o encontro de mim, comigo mesmo.

Sou o que sou, me orgulho muito de tudo que sou.

Enide Santos

03/08/2014

Preenchida

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Quero encher minhas mãos de você,

E ao mesmo tempo...

Quero minha boca cheia de você.

Simultaneamente...

Quero meu sexo cheio de você.

Também quero...

Minha vida cheinha de você.

 

Enide Santos 03/08/14

31/07/2014

O mundo é um canto sem lugar

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O mundo é um canto sem lugar,

Instala em si, alegrias, e tristezas tenta mudar.

Perde-se entre amores, e sonhos tema em si dar.

Enrola-se todo, tentado se encontrar.

Mundo, mundo...

Canto sem lugar.

 

Camufla-se em sombras,

E o coito das horas tenta mudar.

E planta-se em uma árvore,

E no voo dos pássaros, tenta se fundar.

Mundo, mundo...

Quina sem lugar.

 

No voo dos pássaros,

No banho que se dá o mar.

Abre e fecha portas, dorme e acorda,

Mas não encontra seu lugar.

Ah! Mundo, mundo...

Orbe sem lugar.

 

Caminho sem estrada.

Estrada sem luar,

E no som do vento,

Tenta se acoitar.

Mundo, mundo...

Lugar sem mundo

Mundo sem lugar.

 

Enide Santos 31/07/14

29/07/2014

Passageiro do nada

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Picotou-me o coração a vida.

E para sempre me quer assim.

Faz-me sentir não credora de mim.

Culpa-me por respirar,

E por não valorizar este ato de amar.

 

Rapinou-me a mente a morte,

Sem traumas me parou.

Debruçou-se sobre mim

E as chamas da vida,

Uma a uma de mim arrebatou.

 

Desfez-se de mim o tempo,

Que nem para a morte

Nem para a vida me entregou.

E sobre meu corpo, vivo morto.

O tempo se largou.

 

Enide Santos 30/10/14

27/07/2014

Túmulo do dia

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Cada noite é cada noite,

Uma a outra não tem.

Entrega-se ao dia

Enaltecendo-o, já que vem.

 

Agora, quase morta,

Ela ainda vem tatear.

Uma nesga de vida

Do dia tenta libar.

 

Quase, quase sem vida,

Ainda tenta imigrar.

Suspiros para o amanhecer,

Ainda lhe resta conceber.

 

Da sombra és a dona.

Do pecado és a redoma.

Da luz és a conclusão

Do dia és a anunciação.

 

Enide Santos 27/07/14

18/07/2014

Longe de mim, fenecer sem você.

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Não me eximirei de um instante.

Não desviarei um centímetro.

Não me moverei para lado algum.

Não farei esforço nenhum para esquecer-te.

Nada farei para eliminar esta dor que reside em mim.

É tudo que posso ter de você,

Tudo que tenho são minhas lembranças,

Sei que elas me fazem sofrer.

Ah! Mas, se eu não as tenho, de que vou viver?

Ou, o que de mim posso fazer?

Sei, sou negligente comigo mesma,

Não me importo se sou.

Sei que de mim ninguém,

Jamais tirara este amor.

Longe de mim, fenecer sem você.

 

Enide Santos 18/07/14

14/07/2014

Amor até o fim

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Ah, amor!

As estrelas já não me querem mais acalentar.

Já não me doam mais seu brilho.

Já não de ti me querem falar.

 

Ah, amor!

Porque até mesmo a distância

Já não me pode suportar.

Eu a atormento demais com meu lamento.

 

Ah, amor!

Ainda me resta tanto caminho

Para seguir sem teu amor.

Vou caminha-lo

E a cada passo.

Vou lamenta-lo.

E quando o fim chegar

Ainda vou te amar.

 

Enide Santos 14/07/14

10/07/2014

Epístola-18

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Fragmentos de mim

 

Ah, amor arranca de mim esta vida inútil,

Apenas me serve para chorar tua falta!

Ter que viver sem você é mesmo uma tortura.

Tenho que dormir e acordar, dormir e acordar.

Nada tem sentido, tudo é visco.

Nem meus lamentos chegam até você

Nem de minha dor você pode saber.

Ah, que vontade eu tenho de morrer!

Estou cansada de fingir alegria,

de me mostrar satisfeita por tudo que tenho.

Eu não tenho você.

Nunca posso estar com você.

Só sei da dor que sinto e tenho que fingir não sentir.

Ás vezes meu peito doe de tanto engolir o choro.

Não consigo aceitar, que esperei tanto tempo pra te conhecer,

Demorei uma vida toda para te encontrar,

E tenho que abrir mão deste amor.

Não sinto vontade de seguir em frente,

Já sabendo que não há nada mais lá.

Tudo que preciso tudo que quero esta com você, esta em você

Meu Deus como eu te amo!

Meu Deus como isso doe!

Que vontade tenho de arrancar de mim está vida.

Ai que saudade!

Ai que necessidade tenho de estar com você!

Desculpe-me as palavras pessimistas.

Não preciso fingir pra você e também não quero fazer isso.

Hoje estou fraca demais para fingir,

não se preocupe é apenas uma forma de buscar forças uma forma de desabafo.

Perdoe-me por amar você tanto e ter que dizer-lhe estas coisas.

Eu não sei até onde tudo isso vai.

Eu não sei.

Desculpe-me te amar tanto.

 

Enide Santos 10/07/14

09/07/2014

Dia do dia

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Queima a boca da noite

e vem da profundeza da terra.

Como tempestades de auroras

trazendo com sigo fulgurantes horas.

 

Com ele todos os seus sons,

gritos, ruídos e tons.

É do entrelaçar de seu tempo,

que a terra subsiste a contento.

 

O vale já doou suas sombras,

o céu gota a gota as toma.

É o alvorecer dançando a musica,

que faz a noite retroceder.

 

Vem, ele vem buscando ser sentido,

querendo ser no tempo repetido.

Como cada um de nós, bem assim,

ele não quer ver o seu fim.

 

Enide Santos 09/07/14

03/07/2014

Dona dor

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Então ela retorna

Novamente aflora

Tão grande foi

que ainda há eco sobre eco.

 

Ela regressa

como que quem é bem vinda,

chega se instala

e reflete a minha sina.

 

Dar-me a conhecer

o sonho de minha face

pois nela não posso reter

o sorriso que me apraze.

 

Densa e cretina

fornica com minha vida.

Expande as feridas

demonstrando-se infinda.

 

Então ela retorna

como a dona do poder.

Não se lembra do obvio

O amor tem mais poder.

 

Enide Santos 03/07/14

02/07/2014

Epístola - 17

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Fragmentos de mim

 

Eu te amo com toda a força de minha vida.

Eu te amo muito, não sei por que, não sei até quando só sei que amo.

Não sei o que faço sozinha aqui com todos estes sentimentos,

com todos estes ecos de palavras ditas apenas pelos pensamentos.

Não sei o que faço com está saudade que nunca se acaba.

Com este silêncio que chora, que lê, vive e quer morrer.

Já acordo sepultando vontades, derramado dentro do peito coragens.

Eu te sinto tão triste, mudo, submisso. E nada sei fazer para cuidar de você.

Fico quieta, calada tentando ser ao menos algum tipo de amparo caso você queira.

Por aqui as coisas não são fáceis também...

As coisas vão acontecendo eu vou levando-as, mas com você sempre aqui junto comigo o tempo todo, sonhos e mais sonhos, coisas que tenho para te dizer, coisas que queria dividir com você, mas digo para o tempo, falo sozinha como se alienada eu fosse.

Eu não sei o que acontece ai, sei que você demonstra que é preciso estar ai e que nunca vai poder estar aqui.

Eu só tenho duas escolhas:

Estar sem você ou ficar sem você.

Só te sonho quando você quer ser sonhado, nunca quando eu quero sonhar.

Eu vou estar aqui

Eu vou ficar aqui.

Amor meu.

 

Enide Santos 03/07/14