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Quem sou eu?

Na verdade, não sei muito bem quem sou.

Sei que sou o que sinto, do tamanho do que sinto.

Sinto-me viver vidas alheias.

Sinto as dores de quem nem está sentindo, mas eu sinto.

Sou o correr de uma lágrima, antes mesmo de chorar.

Sou um aglomerado de emoções.

Sou lamentos dos meus sofrimentos.

Sou pensamentos e pensamentos.

Sou reflexo das minhas atitudes.

Sou momento.

Sou o esquecer e o lembrar.

Sou a indagação da vida, sou ferida.

Sou o defender, o acusar.

Sou o conhecer do eu diferente.

Sou valente.

Eu sou transformação.

Sou a pessoa mais solitária do mundo,

Mas que nunca fica sozinha.

Sou a pessoa mais forte do mundo.

Mas que está sempre com medo.

Sou o exaltar das minhas realizações.

Sou mãe, sou filha, sou avó.

Sou o encontro de mim, comigo mesmo.

Sou o que sou, me orgulho muito de tudo que sou.

Enide Santos

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11/12/2015

Remendo de capim



















 
Agora à noitinha
Tava já escureceno
Quando de longe vi no cer
O que parecia um remendo

Tinha pontos no cer
Memo pareceno que de argodão
Través das nuvens percebi
Tinha uma muié cosendo

Seu cabelo era arvo
Pele rosada face serena
Com jeitim alinhavava
Aperfeiçoando o remendo

Quando manheceu
Pensei que tava sonhano
Mas admirave foi a cena
Do cer caiu em mim
Foias de capim
E flores de açucena.

Enide Santos 11/12/15


10/12/2015

Mode que será?

















Mode que será
que nunca me canso do cê?
Será que é amo
 ou apenas vontade de viver?

Quanto mais tamo junto
Mais eu quero ocê.
É, memo teno medo
Acho que é vontade de viver!

Má o sor se levanta
Antes memo de manhacê
Já ta esse diacho desse medo
Quereno me corrompe.

-Mais hora essa, deixe de bestagem!!
É o que sempre me diz ocê
-Não se apoquente, pois desse má
Também sei sofre!

Num sei mode que será
Só sei que esse amo
Nunca há de se cabá.

Enide Santos 11/12/15


01/12/2015

Escrever

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Escrever é deixar cair a voz

No abismo absoluto do ser

É desvanecer do instante

Permutar-se em pensamentos

 

Escrever é despertar a alma

Amparando-a para que se mostre

Incitando-a retratar seu lascivo tecido

Assinando assim o construir de todo seu possível

 

Escrever, escolher ditos

Para que unidos sejam sons de gritos.

É o poder de acariciar a existência

E nela imprimir razões e emoções.

Escrever é respirar com as mãos.

 

Enide Santos 01/12/15

26/08/2015


















A palavra que contém em si
Tudo que sou
Tudo que almejo
Tudo que amo e odeio

Verbo que de seu ventre
Verte infindas lágrimas
E com seus risos
Afugenta minhas farpas

Termo clandestino
Sabotador de instintos
Mutila sinas
Não economiza rixas

Só estando só
Que toda a realidade olha pra mim
Descobrindo-me da ilusão
De que já ao nascer sou solidão.


Enide Santos 2608/15

01/08/2015

Dor fresca na memória















Talvez eu não deva morrer
Como se morre qualquer ser
Talvez depois de te perder
Eu deva um pouco por vez fenecer

Talvez eu deva mesmo buscar
O maior tempo possível durar
Para que mesmo sofrendo
Tenha mais tempo para te amar

Talvez, apenas talvez.
Tudo isso seja bom
Apenas por agora
Que a dor é fresca em minha memória.

Enide Santos 02/08/15





31/07/2015

Na ponta da língua















Estava na ponta da língua
A palavra que iria te intitular
Mas um pensamento indecente
Apossou-se de mim ferozmente
E a este nome fez mudar.

Estava na ponta da língua
Toda minha fome de beber
Toda minha sede de comer
Mas um pequeno gesto teu
Tudo mudou e todo meu corpo acendeu

Estava na ponta da língua
O resgate para o desperdício de sabor
Mas já com o corpo fervendo
As palavras foram se perdendo
Apenas entre os dentes a língua ficou.


Enide santos 31/07/15

20/07/2015

Ah, meu amor!



















Ah, meu amor o dia amanheceu.
Não senti o teu calor.
Talvez você de mim se perdeu
E não mais tem gula
Deste meu amor.

Ah, amor meu!
Não posso saber
Que se veja em outros olhos
Que não os meus.
Que queira outra boca
Que não a minha.
Que aqueça outro corpo
Que a chame de Rainha.

Alegaste que eras meu súdito
Que apenas a mim pertencias
Ah, meu amor!
Não me puna
Não me troques por esta vadia.

Estejas sempre comigo
Serás sempre bem amado
Te prometo meu querido
Terás um lar digno
E aconchegado.

Ah, meu amor,
Que pecado terei cometido?
Talvez tenha exagerado
Em te amar mais que o merecido.

Enide Santos 21/07/15



11/07/2015

Sê meu rei
















Sê meu rei.
Seja a fonte que nutre meus instintos
Sê meu dono, meu arrimo.

Sê meu amante, meu menino
Seja a força de meu intimo
Sê sereno e continuo.

Sê a fome da minha sede
Seja prazer e jeito de doer
Sê fisionomia do poder

Sê meu discípulo
Seja meu galante curumim
Sê meu macho, meu serafim

Sê meu rei, meu tutor
Seja a jaula de meu pudor
Sê meu homem, meu amor.

Enide Santos 11/07/15


01/07/2015

Sabe por quê?




















Porque a suas mãos
e as formas que elas
usam para correr
o meu corpo
 inundam-me.

Porque sua boca
com seus fortes contornos
vão de encontro com minha pele
e inundam-me.

Porque os pelos de sua face
corrompem minha alma
degolam minha memória
dão cabo do meu ar
Inundam-me.

Porque ao te deglutir
emudeço minha razão
paraliso a imaginação
e inundo-te.


Enide Santos 01/07/15

Hoje pedi perdão a Deus





















Hoje pedi perdão a Deus
Pedi que me perdoasse
Por meu coração quase explodir
Sempre quando penso em ti.

Orei ao meu Senhor
Para que sempre de ti cuide
E não te afaste
Deste meu amor.

Pedi que me guie, me instrua
Ajude-me a enveredar
E em teus caminhos
Belezas hei de plantar

Deixei a minha verdade falar
Deixei-a pedir e implorar
Que em nome do Senhor
Não me permita sem ti ficar.

Ah, a humana que sou!
Infinitamente mesquinha
Imensamente sozinha
Dependendo deste teu amor

Hoje pude com clareza me ouvir
E com este som roguei
Lancei-me ao vão
E ao Senhor pedi perdão.



Enide Santos 01/07/15

16/06/2015

Despida de ti
















Agora despida deste amor
Rumino o passado
Como um cão flagelado

Devolva-me a doçura que te dei
Não es digno de abrigar  
Nem mesmo de mencionar
As palavras que a te dediquei.

Restitua minha brandura
Com a ausência de tua figura
Afaste-se de mim
Es um abutre indigno e ruim

Distancie-se
Vá daqui
Vá para bem longe
Deixe de existir,
ao menos em mim.


Enide Santos 16/06/15

Venha comigo





















Venha comigo.
Desabe teus lábios sobre os meus
E nesta fomenta tortura
Não me firas
Não me cesses.

Venha comigo.
Deite-se em meu leito
Adormeça em meu peito
Entrega-te ao suave cheiro de meu amor
Delineia-me apossando-se de mim.

Venha...
Venha comigo!
Há em mim um abrigo
Com o solo restrito
Somente para ti

Venha não se abstenha!
Deixe-me te sorver
Destas horas insólitas
Destas floras tortas
De estes seu desvanecer

Venha meu amor
Venha deixe-me viver você.



Enide Santos 16/05/15

03/06/2015

Adeus






















O som do adeus pulsa
Forte como a eternidade
E suas mãos escondidas
Feitas de palavras
Insistem em me abraçar

De olhos fechados
Vais escrevendo em minha alma
O instante do fim
Marcando com o som do soluço
O tamanho da dor.

 Ah, o correr inflame das lágrimas
Não cessam este pesar!
Apenas anuviam o olhar
Pactuando, ferindo ainda mais
O momento do adeus.

Ah! Adeus a tua ternura
Ao teu capricho em me amar.
Adeus aos teus sons
Ao toque de teu olhar
Adeus...
Carne do meu ar.

Enide Santos 03/06/2015

01/05/2015

Minha Paixão

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O alimento da felicidade,

Iguaria que mantém a sobriedade.

Manjar da sorte da necessidade.

O sustento da minha imensidade.

 

Enche-me de melodia

Satura-me de sabedoria

Satisfaz minha alegria.

Me farta de poesia.

 

Abranda meu enleio

Adormece meu receio

Modera-me o floreio

Sossegando meu anseio.

 

Minha doce inspiração

Meu amor

Minha paixão

 

Enide Santos 01/05/15

29/03/2015

Ambos somos felizes quando nos amamos

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Ambos somos felizes quando nos amamos

Ah, meu amor!

Ah, meu amado!

E assim:

Enxugo os olhos do riso que te dei

Toldo de horas

Com os momentos que cavei

Banho-me na sensação do teu olhar

Dou-me de presente o teu respirar

 

Ambos somos felizes quando nos amamos

Com o liquido da noite

Com o qual se banham as florestas

Eu me exibo

Eu me testo

O cio lentamente passa

Não para

Atravessa

Exala.

 

E assim:

Somos igualmente amados

Saciados um do outro

Nesta noite

Neste esboço.

 

Enide Santos 29/03/15

26/03/2015

A peça que dentro da noite o tempo forjou.

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Hoje voltei àquela noite

sentei-me ao lado de nós.

Mal pude me conter

assim que vi você.

 

Parecia ter o mundo em tuas mãos

e o dava inteiro a mim.

Extasiada pelo momento

nada pude e nem poderia dizer

por que palavra alguma

jamais caberia ali

entre eu e você.

 

Hoje voltei àquela noite

sentei-me ao lado de nós.

O tempo parou

delicadamente, sem pressa,

fora esculpindo naquela noite

os trajes que hoje me visto.

 

Agora choro, não sei bem porque

talvez por não poder possuir

a peça que dentro da noite o tempo forjou.

 

Hoje voltei àquele momento

em que você me presenteou com uma noite.

Sem lua, sem estrelas

Uma noite de pele nua,

Tão minha

Tão tua.

 

Há ainda o eco de tua voz a dizer:

Guarde está noite

Onde apenas existe eu e você.

 

Enide Santos 26/03/15

07/03/2015

Acordo dentro do meu sono eterno

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Acordo dentro do meu sono eterno

buscando ainda os pulsos de meu coração

vejo que minha vida não foi esperta

que fora banida de mim

Sem resgate, sem regresso

 

Ainda ontem eu tive um ontem

e não mais o terei.

não haverão mais lágrimas

nem risos

não existiram mais sons

 

Apenas respingos de mim

bordados, grafados

preto no branco

pedras, montanhas, lembranças

ódio ou amor tudo agora dorme comigo

 

Não vomito mais cólera

já não deserdo minha história.

já não acordo os meus sonhos

não os ouço mais se mordendo dentro de mim

não mais posso entreter o tempo

nem escutar o vento.

 

Não há ar

Não há dor

Nem silêncio há

Nem mesmo a solidão,

faz reivindicação.

 

É, é no instante do esquecimento,

que mais me entendo.

 

Enide Santos 07/03/15

04/03/2015

Por que te admiras José?

 

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Por que te admiras José,

Quando falo quem tu és?

És um carpinteiro de almas

Delineador de histórias,

Fazedor de memórias.

 

Tu não sabes quem tu és, José?

Tu, dentro de ti não te podes ver.

A tua boca derriba o mal

O teu olhar espelha o matinal.

 

Oh, Jose! Por que te admiras?

Se as obras de suas mãos

Converteu-as em pão.

E por uma longa temporada

Alimentou a luz de nossa estrada.

 

Homem escultor de muleta

Esculpidor de profeta

Orientador, educador

Do nosso senhor, fora tutor.

 

Por que te admiras homem de fé

Se pelo verbo encarnado

Fora por pai adotado?

 

Enide Santos 04/03/15

27/02/2015

No fundo do coração do tempo

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Lá no fundo do coração do tempo

Há a alma do esquecimento

Onde se ouve o choro do lamento.

Onde os passos da noite, não são insônia.

E os pesadelos dos sonhos, sonham.

 

Lá no fundo sem fundo.

Assenta o pó do tudo.

E em suas nervuras ancestrais

Arrastam-se defuntos de horas e de ais.

Calado sem soluços sem protestar

O tempo tatua em seu corpo

Cada hora que não mais voltará.

 

Rege com destreza seu estar

E estando em harmonia vê-se passar

Não faz distinção de nada

Não se importa se é caminho ou estrada

Atravessa

Corre

Cruza

Galga

Tapa a boca da vida e mais nada.

 

Enide Santos 27/02/15

16/02/2015

Alma amputada

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Está tão longe de eu poder ser o que você quer.

Sendo assim vejo-te seguir teu caminho e deixando-me aqui.

Já começo ao acordar pela manhã dando-me consciência de que você ainda está presente em meu coração e não mais diante de meus olhos.

Antes mesmo que se vá, eu já me vou para a dor de estar sem você, já amputo a minha alma sem nada dizer.

Antes mesmo que se vá de mim, já choro a dor de sua ausência, já lamento ser passado em sua existência.

Eu também mato momentos bons, jogo fora partes de vida que normalmente não se desperdiça, pois sei o tamanho deste amor em mim, sei da dor que se o perder vou sentir.

É, é mesmo assim, é por medo de não resistir tamanha dor morando em mim, que desde já

Abasteço-me de tudo de você.

Quando te beijo, te beijo mesmo com todo o meu ser.

Quando te amo, te amo mesmo com toda minha alma antes de ela ser amputada.

 

Enide Santos 16/02/15