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Quem sou eu?

Na verdade, não sei muito bem quem sou.

Sei que sou o que sinto, do tamanho do que sinto.

Sinto-me viver vidas alheias.

Sinto as dores de quem nem está sentindo, mas eu sinto.

Sou o correr de uma lágrima, antes mesmo de chorar.

Sou um aglomerado de emoções.

Sou lamentos dos meus sofrimentos.

Sou pensamentos e pensamentos.

Sou reflexo das minhas atitudes.

Sou momento.

Sou o esquecer e o lembrar.

Sou a indagação da vida, sou ferida.

Sou o defender, o acusar.

Sou o conhecer do eu diferente.

Sou valente.

Eu sou transformação.

Sou a pessoa mais solitária do mundo,

Mas que nunca fica sozinha.

Sou a pessoa mais forte do mundo.

Mas que está sempre com medo.

Sou o exaltar das minhas realizações.

Sou mãe, sou filha, sou avó.

Sou o encontro de mim, comigo mesmo.

Sou o que sou, me orgulho muito de tudo que sou.

Enide Santos

29/12/2015

Total












Bebeu
Soluços
Gole por gole

Ingeriu
Palavras
Letra por letra

Inalou horas
Tic e Tac

Tragou
Sons
Alfa e Ômega

Solveu
A vida
Yin-yang

Só o futuro
Devolveu.

Enide Santos 23/12/15

O último passo do destino














A terra que cobrirá meu corpo
Esta me chamando.
Espreitando-me sem cessar
Os vermes já me rondam
Como que se, minha sorte pudessem tirar.

Diante disso, vou traficando dias
vomitando de mim agonias
Cessarei assim desinibida de mim
Derramando palavras em sulcos
Adiando com versos meu fim.


A fase final das horas sorri olhando-me
Aproxima-se o cessar
Distanciam-se os sons dos meus suspiros
Não há gestação de dias
A fome do fogo da vida, saciada, chora

Murcha como flor, sem culpa
Completo minha caminhada
Deixando-me ainda aqui.

Enide Santos 29/12/15

Aquarela


















Abrindo agora a janela
Donde vejo a vida
Nova e fresca é ela
Pintura recém-nascida

Não há esboço nem trela
Só há tutela na lida
Abrindo agora a janela
Donde vejo a vida.

(di)vagar em sentinela
Imagem jamais repetida
Pintada por Deus aquarela
Fonte que nunca se finda
Abrindo agora a janela.

Enide Santos 27/12/15

11/12/2015

Remendo de capim



















 
Agora à noitinha
Tava já escureceno
Quando de longe vi no cer
O que parecia um remendo

Tinha pontos no cer
Memo pareceno que de argodão
Través das nuvens percebi
Tinha uma muié cosendo

Seu cabelo era arvo
Pele rosada face serena
Com jeitim alinhavava
Aperfeiçoando o remendo

Quando manheceu
Pensei que tava sonhano
Mas admirave foi a cena
Do cer caiu em mim
Foias de capim
E flores de açucena.

Enide Santos 11/12/15


10/12/2015

Mode que será?

















Mode que será
que nunca me canso do cê?
Será que é amo
 ou apenas vontade de viver?

Quanto mais tamo junto
Mais eu quero ocê.
É, memo teno medo
Acho que é vontade de viver!

Má o sor se levanta
Antes memo de manhacê
Já ta esse diacho desse medo
Quereno me corrompe.

-Mais hora essa, deixe de bestagem!!
É o que sempre me diz ocê
-Não se apoquente, pois desse má
Também sei sofre!

Num sei mode que será
Só sei que esse amo
Nunca há de se cabá.

Enide Santos 11/12/15


03/12/2015

Deitada a beira da pedra gelada

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A beira da pedra gelada, deitada

Vestida apenas de anágua

Olhos acesos, como lamparinas

Velando a dor que a aniquila

 

Encolhendo-se em seu centro

Precisando da saudade

Dor na pele já não há mais

Só a alma que aos poucos se desfaz

 

Deitada a beira da pedra gelada

Do corpo já esquiva o calor

Em repouso o mundo deixou

Distanciando de si definhou.

 

Enide Santos 04/12/15

01/12/2015

Escrever

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Escrever é deixar cair a voz

No abismo absoluto do ser

É desvanecer do instante

Permutar-se em pensamentos

 

Escrever é despertar a alma

Amparando-a para que se mostre

Incitando-a retratar seu lascivo tecido

Assinando assim o construir de todo seu possível

 

Escrever, escolher ditos

Para que unidos sejam sons de gritos.

É o poder de acariciar a existência

E nela imprimir razões e emoções.

Escrever é respirar com as mãos.

 

Enide Santos 01/12/15