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Quem sou eu?

Na verdade, não sei muito bem quem sou.

Sei que sou o que sinto, do tamanho do que sinto.

Sinto-me viver vidas alheias.

Sinto as dores de quem nem está sentindo, mas eu sinto.

Sou o correr de uma lágrima, antes mesmo de chorar.

Sou um aglomerado de emoções.

Sou lamentos dos meus sofrimentos.

Sou pensamentos e pensamentos.

Sou reflexo das minhas atitudes.

Sou momento.

Sou o esquecer e o lembrar.

Sou a indagação da vida, sou ferida.

Sou o defender, o acusar.

Sou o conhecer do eu diferente.

Sou valente.

Eu sou transformação.

Sou a pessoa mais solitária do mundo,

Mas que nunca fica sozinha.

Sou a pessoa mais forte do mundo.

Mas que está sempre com medo.

Sou o exaltar das minhas realizações.

Sou mãe, sou filha, sou avó.

Sou o encontro de mim, comigo mesmo.

Sou o que sou, me orgulho muito de tudo que sou.

Enide Santos

24/01/2015

Pode até gostar

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O pássaro pode não gostar,

do céu que tem para voar.

Pode não gostar,

do som que faz ao cantar.

E voa e canta.

 

A flor pode não gostar

da sua cor ou do solo em que está.

Pode não gostar de o sol a tocar.

de a chuva a molhar.

E perfuma e encanta.

 

A água pode querer aquietar-se.

pode não gostar de espelhar.

Pode ser que não queira se ver

Não queira se exalar se libertar.

Talvez prefira ser contida.

E molha e evapora.

 

Ele pode não gostar dele.

Pode não gostar de forjar dias,

e bramir com noites.

Pode não gostar de rasurar a vida,

Mas mora nela e a edifica.

E dorme e acorda.

 

Enide Santos 25/01/15